
Trump ataca ONU e imigração ilegal em discurso incendiário e diz que vai encontrar Lula

O presidente americano, Donald Trump, voltou à Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), com um discurso incendiário no qual alertou os países europeus que estão "indo para o inferno" por causa da imigração ilegal, um fenômeno, segundo ele, incentivado pela ONU, que "não está à altura".
Em uma intervenção que superou amplamente os 15 minutos protocolares, Trump afirmou, ainda, que o reconhecimento de um Estado da Palestina é uma "recompensa" pelos ataques de 7 de outubro de 2003, perpetrados pelo Hamas contra Israel, que resultaram na atual guerra em Gaza.
Trump criticou aliados e advertiu inimigos, mas também anunciou que se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "na próxima semana", após ambos se cruzarem no corredor que dá acesso ao púlpito.
Lula discursou antes de Trump e disse que "em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades".
"Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia", afirmou Lula.
Trump reiterou que o Brasil merece tarifas e sanções pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas depois surpreendeu a audiência: "nos abraçamos e decidimos que nos veremos na próxima semana", disse, em referência a Lula.
Com a Venezuela, o presidente americano foi muito menos gentil: "A todo terrorista bandido que esteja traficando drogas venenosas para os Estados Unidos da América: estejam avisados, faremos vocês explodirem", afirmou.
Os Estados Unidos lançaram pelo menos três ataques letais contra embarcações de supostos narcotraficantes no Caribe, resultando em pelo menos 14 mortos, segundo o balanço americano.
- Escadas rolantes quebradas -
Trump mostrou-se sarcástico ao chegar à sede da ONU. Enquanto subia ao plenário, as escadas rolantes quebraram.
"Isto é tudo o que consegui da ONU", garantiu o líder republicano, que está há menos de um ano no poder e tem virado a diplomacia mundial de cabeça para baixo com suas tarifas e decisões unilaterais.
Suas palavras soaram apocalípticas ao se referir à Europa.
"É hora de pôr fim à experiência fracassada das fronteiras abertas", disse Trump na Assembleia Geral da ONU, para depois acrescentar, em alusão aos países europeus: "seus países estão indo para o inferno".
A ONU, disse, é responsável por essa "invasão", em comparação às medidas de seu governo na fronteira com o México, que reduziram a imigração ilegal a "zero".
Trump afirmou, também, que conseguiu trazer paz a "sete conflitos".
A ONU não ajudou nesses esforços, argumentou. "A ONU tem um potencial tão grande. Sempre disse isso. Mas não chega perto de estar à altura desse potencial", afirmou.
Antes de Lula e Trump, havia falado o secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Os cortes na ajuda ao desenvolvimento estão causando estragos. Para muitos representam uma sentença de morte", disse Guterres, sem mencionar os Estados Unidos, principal doador do mundo.
O secretário-geral da ONU dedicou uma parte importante de seu discurso a lembrar a ameaça da mudança climática.
Esse fenômeno é "a maior fraude da história", afirmou Trump.
Apesar de seu discurso desafiador, Trump tinha previsto se reunir com vários países árabes, como parte de seus esforços para acabar com a guerra em Gaza.
Após seu encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, Trump declarou que os países da Otan deveriam poder abater aviões russos que cruzem seu espaço aéreo, algo que foi recebido com satisfação.
Ao receber o presidente argentino, Javier Milei, descartou um possível "resgate" para ajudar Buenos Aires.
"Vamos ajudá-los, mas não acho que precisem de um resgate. Está fazendo um trabalho fantástico", disse Trump ao receber Milei perante os jornalistas.
O Serviço Secreto americano anunciou, por sua vez, que desmantelou uma rede cibernética de mais de 100 mil cartões SIM que poderiam ter colapsado a rede de telecomunicações de Nova York antes da Assembleia Geral.
C.Albano--INP