
Caravana de migrantes parte do sul do México rumo à capital após prisão de ativista

Cerca de 300 migrantes partiram a pé, na manhã desta quarta-feira (6), do sul do México rumo à capital do país, um dia depois da prisão de um ativista conhecido por ter organizado caravanas de estrangeiros nessa região.
O grupo, que reivindica celeridade em seus trâmites de regularização, saiu da cidade de Tapachula, no estado de Chiapas, fronteiriço com a Guatemala. Na terça-feira, Luis García Villagrán foi preso nesta localidade sob a acusação de tráfico de pessoas.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, refutou, nesta quarta, que García Villagrán fosse um ativista.
"Tinha ordem de apreensão e, ao contrário, está vinculado ao tráfico de pessoas; esse é o crime", disse a presidente em sua habitual coletiva de imprensa matinal.
A governante explicou que a ordem para prender García Villagrán "tinha anos".
No entanto, o pároco Heyman Vázquez, membro da Pastoral da Mobilidade Humana da Igreja católica, qualificou a detenção como uma "injustiça" e uma "agressão a todos os defensores dos direitos humanos".
Essa caravana, a segunda que parte de Tapachula este ano, havia sido anunciada antes da detenção de García Villagrán e se manteve em suspensão durante algumas horas devido à prisão.
Os migrantes denunciam atrasos em suas tentativas de regularizar sua situação no México, país onde permanecem paralisados ante o endurecimento da política migratória dos Estados Unidos, após o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro.
"Estou aqui há um ano e 10 meses, ainda não tenho papéis", lamentou o cubano Ricardo Jiménez, que aderiu à marcha. O homem, de 54 anos, contou à AFP que seu status migratório irregular o impede de conseguir trabalho e torna sua "vida impossível".
Juan Ríos, um nicaraguense de 45 anos, esclareceu que alguns estrangeiros buscam chegar à cidade mexicana de Monterrey (norte), de onde pretendem viajar para "Canadá, Alemanha, Austrália e Suíça" para trabalhar.
Alguns migrantes viajam com menores e outros usam bicicletas para transportar bagagens, enquanto avançam escoltados por policiais estaduais e membros da Marinha.
O México tem sido por décadas ponto de passagem de milhares de migrantes que buscam cruzar a fronteira para os Estados Unidos, em um caminho em que sofrem violações tanto de criminosos quanto de autoridades.
S.Urgo--INP