
Irã ativa sua defesa aérea no segundo dia de bombardeios israelenses

O Irã ativou na noite deste sábado (14) suas defesas aéreas em várias regiões, no segundo dia de bombardeios vindos de Israel, que ordenou à população que se refugiasse diante de uma nova onda de mísseis iranianos, na maior confrontação bélica entre os dois inimigos.
Os serviços de resgate em Israel indicaram na noite deste sábado que edifícios residenciais na região costeira e no norte do país foram atingidos após disparos de mísseis vindos do Irã, e que 14 pessoas ficaram feridas, uma delas com gravidade.
"Vários incidentes foram registrados nos centros de comando dos serviços de incêndio e resgate israelenses nos distritos costeiro e norte, com impactos em prédios residenciais e um incêndio em uma área desabitada", indicou um comunicado conjunto dos órgãos de emergência.
O Exército israelense havia pedido à população, na noite deste sábado, que se confinasse em abrigos após detectar "disparos de mísseis vindos do Irã" em direção a Israel.
Por volta das 23h (17h de Brasília), jornalistas da AFP receberam em seus telefones uma mensagem de "alerta máximo" do Comando da Frente Interna (Defesa Passiva).
Mais tarde, o nível de alerta foi reduzido em Israel e a população foi orientada a sair dos abrigos, embora as autoridades tenham recomendado "permanecer próxima" deles, segundo comunicado do Exército divulgado às 23h45 (17h45 de Brasília).
– Bombardeios em Teerã –
O Irã anunciou, por sua vez, na noite deste sábado, que lançou uma nova onda de mísseis contra Israel em resposta aos bombardeios da sexta-feira contra seu território.
"Uma nova onda da operação Promessa Honesta 3 começou", indicou a televisão estatal.
Os bombardeios israelenses tiveram como alvo dois depósitos de combustível em Teerã, informou no início da manhã de domingo o Ministério do Petróleo iraniano.
"O depósito de petróleo de Shahran [noroeste de Teerã] e outro no sul [da cidade] foram atacados pelo regime sionista", acrescentou.
Um jornalista da AFP viu o depósito de Shahran em chamas.
Também "a sede do Ministério da Defesa foi atacada. Um dos edifícios da sede sofreu danos leves", informou a agência iraniana Tasnim.
O Irã acusou Israel de precipitar o Oriente Médio em um "perigoso ciclo de violência" e de minar as negociações entre Teerã e Washington sobre o programa nuclear iraniano.
Omã, que atua como mediador entre os Estados Unidos e o Irã nesse diálogo, anunciou que a nova rodada de reuniões previstas para domingo em sua capital, Mascate, entre os dois países, não será realizada.
Mas o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, assegurou que "o Irã não aceitará exigências irracionais sob pressão e não se sentará à mesa de negociações enquanto o regime sionista continuar com seus ataques", em uma conversa telefônica com seu contraparte francês, Emmanuel Macron.
"Muito em breve vocês verão aviões israelenses (...) no céu de Teerã. Atacaremos todos os locais e alvos do regime", afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que garantiu contar com o "apoio claro" do presidente americano Donald Trump.
"Infligimos um golpe real ao programa nuclear" do Irã, acrescentou.
Trump afirmou neste sábado que ele e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram, em uma conversa telefônica, que a guerra entre Irã e Israel "deve acabar".
Na noite de sábado, as defesas antiaéreas foram ativadas em Teerã e em seis províncias, incluindo o porto estratégico de Bandar Abbas, segundo a mídia local.
Pouco depois, o Exército de Israel afirmou ter bombardeado uma instalação subterrânea de lançamento de mísseis no oeste do Irã.
Israel afirma dispor de informações de seus serviços de inteligência segundo as quais o Irã está se aproximando de um "ponto sem retorno" em seu avanço para desenvolver uma bomba atômica.
Com esse argumento, o Exército israelense lançou na madrugada de sexta-feira uma operação aérea em massa sobre o Irã, bombardeando mais de 200 instalações militares e nucleares.
Israel afirmou ter matado, assim, mais de 20 altos comandantes das forças de segurança iranianas.
O representante do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, declarou na sexta-feira que ao menos 78 pessoas haviam morrido e mais de 320 ficaram feridas, a "grande maioria civis".
- "Mais forte" -
Em resposta, o Irã lançou mísseis contra Israel na sexta-feira, a maioria dos quais foi interceptada, segundo o Exército israelense. Os Estados Unidos ajudaram a derrubá-los, afirmou um funcionário americano.
Mas foram registrados danos significativos na região de Tel Aviv, onde as equipes de resgate relataram três mortos e dezenas de feridos.
As potências ocidentais pedem a desescalada, mas ao mesmo tempo o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que seu país está mobilizando "recursos na região, incluindo caças, como parte de um apoio emergencial".
O presidente iraniano advertiu neste sábado que a resposta militar de seu país será "ainda mais forte" se Israel persistir com os bombardeios.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, advertiu que "Teerã arderá" se o Irã continuar lançando mísseis contra seu território.
Um chefe da polícia iraniana e cinco membros da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, morreram neste sábado em ataques no oeste e centro do país, segundo a mídia local.
O Ocidente e Israel suspeitam que o Irã queira se dotar de armas nucleares. Teerã nega e defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.
D.Ricci--INP