
Israel ataca instalações nucleares do Irã, uma declaração de guerra para Teerã

Israel lançou, nesta sexta-feira (13), ataques contra quase 100 alvos no Irã, incluindo instalações nucleares e militares e a capital Teerã, uma ofensiva que a República Islâmica afirmou que considera uma "declaração de guerra".
O Irã informou que os ataques mataram o poderoso chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o alto comandante dessa força ideológica iraniana, Gholam Ali Rashid, além de seis cientistas nucleares.
O comandante do Estado-Maior do Exército, Mohamed Bagheri, também morreu no ataque, segundo a televisão estatal.
O ataque acontece em um momento de estagnação nas negociações iniciadas em abril entre os Estados Unidos e Irã sobre o programa nuclear da República Islâmica.
A operação começou durante a madrugada contra posições militares e nucleares em várias regiões iranianas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os ataques foram executados "com sucesso" e que prosseguirão por "quantos dias forem necessários".
O Exército do Irã afirmou que "não terá limites" em sua resposta a Israel. O líder supremo iraniano do país, o aiatolá Ali Khamenei, advertiu que "o regime sionista impôs a si mesmo um destino amargo e doloroso".
O ataque é uma "declaração de guerra", advertiu o ministro iraniano das Relações Exteriores Abbas Araghchi, em uma mensagem à ONU, na qual pede uma ação do Conselho de Segurança.
Khamenei já nomeou um novo comandante do Estado-Maior e um chefe para a Guarda Revolucionária.
- 200 aviões de combate -
Israel indicou que o Irã lançou quase 100 drones em represália e que as defesas aéreas interceptaram os dispositivos fora de seu território
A vizinha Jordânia anunciou que interceptou drones e mísseis que violaram seu espaço aéreo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou ao canal Fox News que recebeu um aviso prévio dos ataques e afirmou que o Irã "não pode ter uma bomba nuclear".
Washington enfatizou que não teve envolvimento na ação israelense e advertiu o Irã a não atacar os interesses e funcionários americanos.
Mas Teerã afirmou que Washington será "responsável pelas consequências", já que a operação israelense "não poderia ter sido executada sem a coordenação e permissão dos Estados Unidos".
Durante a operação, chamada "Leão Crescente", foram mobilizados 200 aviões de combate.
Netanyahu afirmou que a central nuclear de Natanz foi atacada, onde a televisão estatal iraniana reportou que explosões foram ouvidas. Segundo o Exército israelense, a "área subterrânea das instalações foi danificada".
As ruas de Teerã estavam vazias, exceto pelas filas diante dos postos de gasolina.
Irã, Israel, Iraque e Jordânia fecharam o espaço aéreo. Várias companhias aéreas, incluindo Qatar Airways e Air France, suspenderam seus voos para a região.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou a declaração do estado de emergência e alertou que o país "eliminará" seus inimigos.
- "O coração do programa nuclear" -
Os preços do petróleo subiram mais de 12% após os bombardeios, ocorridos depois que Trump ordenou a retirada de pessoal americano no Oriente Médio pelo risco de um ataque iraniano.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "máxima moderação" às partes após os ataques, assim como a chefe da diplomacia da União Europeia (UE).
A Rússia afirmou estar "preocupada" com os ataques israelenses e denunciou a "escalada brusca das tensões".
As instalações nucleares "nunca devem ser atacadas", reagiu o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que considerou as ações israelenses "profundamente preocupantes".
A AIEA confirmou que a área das instalações de Natanz foi atingida pelo ataque, mas indicou que não observou um aumento dos níveis de radiação na área.
"Atingimos o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã. Atacamos a principal instalação de enriquecimento nuclear iraniana de Natanz", declarou Netanyahu.
A televisão estatal iraniana denunciou que edifícios residenciais de Teerã foram atingidos e que "várias pessoas" morreram, incluindo mulheres e crianças.
Algumas horas mais tarde, a emissora informou que 50 civis ficaram feridos nos ataques, sem mencionar mortos.
Trump convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional para esta sexta-feira e seu secretário de Estado, Marco Rubio, alertou o Irã para não atacar bases dos Estados Unidos no Oriente Médio.
- 'Campanha histórica' -
Países ocidentais, incluindo Estados Unidos e Israel, acusaram o Irã de tentar desenvolver uma arma nuclear, o que Teerã nega.
O Exército israelense afirmou nesta sexta-feira que "informações de inteligência acumuladas nos últimos meses forneceram evidências de que o regime iraniano está se aproximando do ponto de não retorno" em seu programa nuclear.
De acordo com as informações, "a convergência dos esforços do regime iraniano para produzir milhares de quilos de urânio enriquecido, em conjunto a locais descentralizados e fortificados de enriquecimento de urânio, permitem ao regime iraniano enriquecer urânio a níveis militares, possibilitando a obtenção de uma arma nuclear em um curto período de tempo".
R.Agosti--INP